Racismo na Consultoria de Cores?
- Eduarda Mendes
- 31 de mai. de 2022
- 2 min de leitura
Atualizado: 29 de jul. de 2023
Só não vê quem realmente não quer ver, pois é evidente o racismo na maioria das metodologias que foram importadas dos EUA e Europa "caucasiana". Ou, o fato destas metodologias ignorarem o como um suporte (leia-se "pele") escuro reage à interação com as cores, de maneira completamente diferente que um suporte ("pele") claro, já não seria, por si só, consequência de um racismo estrutural? E mais: Como negar que esse ato de ignorar sempre serviu à imposição de um padrão de beleza da cultura do opressor?
Charleszine Wood Spears, em 1937, escreveu "How to Wear Colors,": With Emphasis on Dark Skins, e foi a pioneira na abordagem do uso de cores respeitando as especificidades das peles de raças negras; Ella Mae Whashington, em 1949, escreveu Colour in Dress for Dark-Skinned People, baseado em sua tese de mestrado em 1941. Mas quase nada se sabe, e se fala sobre elas nas diversas mídias, quando o assunto é histórico da Coloração Pessoal! Isso reflete a invisibilidade histórica do oprimido.
Em 1990, Donna Fugii, escreveu um livro sobre Coloração Pessoal, numa abordagem Étnica mais ampla (Color With Style) onde peles negras, asiáticas e latinas também eram contempladas.
Mas somente agora, há bem poucos anos, o trabalho de Jean Patton, que em 1991 escreveu o livro "Color to Color", passou a ser divulgado e utilizado no Brasil. Nele Jean abordou as especificidades da análise de coloração pessoal para as mulheres afrodescendentes e latino-americanas, tendo desenvolvido metodologia própria para ser aplicada na pesquisa das melhores cores na beleza de mulheres negras e latinas da América do Norte.
Um aspecto muito bem observado por algumas dessas estudiosas citadas acima, é o fato de existirem inúmeras pessoas de pele negra com zonas quentes e, concomitantemente, zonas frias na pele de seus rostos, fazendo com que a limitação ao uso de cores de uma única temperatura para essas pessoas não faça sentido algum.
Outro ponto que percebo ser normalmente negligenciado é a importância do contraste por extensão (ver tipos de contrastes em "Art of color" de J.Itten) entre a esclera (branca) dos olhos e o branco dos dentes junto com a pele negra (veja também este outro post em que abordei esta questão do contraste por extensão).
Não podemos deixar de citar também que os aspectos culturais associados às cores das populações afrodescendentes, são bem diferentes daqueles impostos pela cultura hegemônica ocidental, que é machista e branca. Esses aspectos culturais jamais deveriam ser negligenciados por profissionais nas análises de coloração pessoal de suas clientes negras, como também estarem presentes no levantamento dos seus desejos de imagem.
Trouxe aqui apenas alguns pontos de algo que é muito mais amplo e complexo e que deveria ser encarado de forma mais respeitosa, ética e profissional (envolvendo muito estudo e pesquisa).
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